Oi pessoal!
Com certeza você conhece essa história: uma mulher que sai de casa antes do dia amanhecer para trabalhar, gastando horas no transporte público lotado. Na volta, ela é responsável por cuidar da casa, das crianças e dos idosos, por deixar a comida do dia seguinte pronta e ainda verificar a lição de casa e o uniforme escolar. No fim do mês, tem que fazer um malabarismo digno de artista para fechar as contas e, pra piorar, tem o constante sentimento de não estar fazendo o suficiente.
É assim, imersas em receios e preocupações, que vivem muitas mulheres das periferias de São Paulo. Essa situação, claro, causa graves impactos na saúde mental, que muitas vezes têm que ser elaborados sem ajuda. A sobrecarga da mulher periférica é um fato e nesta quinzena a Agência Mural lançou luz ao cotidiano de mães, trabalhadoras e estudantes das quebradas, que compartilham seus medos e angústias.
“Muitas vezes, as mulheres são empurradas a terem responsabilidades grandes desde muito cedo. Chegam aos 30 anos lidando com o excesso de responsabilidade que é trabalhar fora e conciliar outras demandas da vida”, diz a psicóloga Karine Lima, especializada em Psicologia e Relações Raciais.
Se identificou? Então corre para conferir a reportagem e os outros conteúdos da Mural, que vão do rap de São Mateus ao transporte hidroviário do Grajaú, passando por denúncias de problemas em serviços públicos e perfis de ativistas que arregaçam as mangas pelos nossos.
Bora nessa?
Sobrecarregadas e sozinhas
Só e esgotada. É assim que se sente a produtora cultural e estudante de jornalismo Thainara Sabrine, 22, que nasceu e cresceu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Quando conseguiu uma bolsa de estudos, ela deixou a quebrada onde cresceu para morar no Morro da Paz, favela localizada mais próxima da faculdade, em um contexto de urgência, com pouca grana, tempo escasso e longe da sua rede de apoio.
“Se eu não trabalhar, vou ter que sair da casa e se sair não tenho como estudar. As coisas vão se atropelando. O valor [que recebo] no meu estágio não é o suficiente, então eu preciso procurar outros meios [para me sustentar]. Com isso, eu vou ficando mais cansada”
Thainara Sabrine, 22
A Agência Mural foi ouvir das mulheres periféricas quais os impactos de enfrentar tantos desafios sozinhas e sem políticas políticas que garantam direitos básicos, como moradia, renda, alimentação, educação e saúde. A sensação de sobrecarga e solidão é crescente e se intensifica dia a dia, em especial entre as negras e as mais pobres.
Loko (nem tão) solitário
Ele não é mais um louco na multidão. Horácio Nelson Nunes Gama Filho, 35, é o Loko Solitário. É assim que ele define sua personalidade nômade, incomodada e inconformada. O Loko Solitário dialoga com poesia, cria rimas contestadoras e passa o microfone de seu podcast, o PodLoko, para que moradores das periferias contem suas histórias, cobrem, denunciem e se expressem.
‘A paz que eu sempre sonhei’
O rapper WGI faleceu em decorrência de um ataque cardíaco associado a uma pneumonia. O trecho do rap “Lembranças”, “espero que ele esteja com a paz que eu sempre sonhei”, traduz a saudade que toma o rap nacional e admiradores. Sob o vulgo WGI, Gilson Oliveira foi integrante e fundador do grupo de rap Consciência Humana, no bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo, no começo da década de 1990. Conheça o legado do artista.
Escolas cívico-militares nas quebradas?
O governador do Estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas, sancionou a lei que institui as escolas cívico-militares no estado. Mas o que isso quer dizer? Vai ter PM dando aula? Muda a grade do aluno? Como a comunidade escolar encara a proposta? A Agência Mural explica no Pega a Visão.
Onde está a população negra?
Dados do Censo de 2022 apontam quais são as cidades da Grande São Paulo com maior e a menor proporção de pessoas autodeclaradas negras. Ao todo, 24 municípios da Região Metropolitana concentram mais da metade dos habitantes pretos e pardos.
Busão demorado
A demora e os atrasos das linhas de ônibus vem sendo motivo de dor de cabeça para os moradores do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo. Além das longas esperas, as alterações surpresas nas rotas são reclamações constantes de quem depende do transporte na região. Muralistas do extremo sul da capital paulista relataram as dificuldades encontradas devido ao longo tempo de espera das linhas que saem do Terminal Grajaú e ligam bairros mais ao centro da capital.
Orgulho LGBTQIA+
Com o tema “orgulho de ser”, um ensaio fotográfico e um documentário mostram a presença e a busca por respeito de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo e pansexual em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. O trabalho marcou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado em 28 de junho.
“Aqui não existem espaços acolhedores e saudáveis para a comunidade estar. A gente tem que ir para o centro de São Paulo. Além disso, se tivesse algum ambiente, acredito que teria um grande hate da população que não é LGBT”,
Ma Carrão, 24, idealizadora do projeto
Reforma prolongada
Os moradores de Osasco, na Grande São Paulo, ainda aguardam a reforma do Terminal Rodoviário Alfredo Tomaz, localizado na Rua Erasmo Braga, no bairro Presidente Altino. No final de fevereiro, o prefeito Rogério Lins (Podemos) anunciou nas redes sociais que a reforma teria início em 70 dias. Quatro meses depois, a situação segue a mesma.
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Na última sexta (28), a equipe da Mural promoveu uma ação especial com a reportagem “Sem Notícias”: voltar a Pirapora do Bom Jesus, município da zona oeste da Grande São Paulo, para apresentar a reportagem aos estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos) da Escola Estadual do Parque Payol. A roda de conversa com os alunos, ponto de partida da apuração, foi fundamental para entender os prejuízos de viver sem acesso a jornalismo local, principalmente nas regiões periféricas. A Mural também acompanhou a emoção de ver os estudantes se formando no Ensino Médio.
“O que é direito à cidade?” A pergunta é o título de um artigo do Instituto Polis que discute como vivemos e construímos as cidades brasileiras. “O direito à cidade traz em seu núcleo a ideia fundamental de que as desigualdades e opressões – racismo, desigualdade de gênero e LGBTfobia – são determinantes e estão determinadas na produção do espaço [...] Então a transformação radical […] depende inevitavelmente do exercício de um poder coletivo para reformular os processos de produção do espaço”. Vale a leitura!
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Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
Saiba mais em: www.agenciamural.org.br
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