Bets nas favelas, adaptação climática e apaixonados por kombis
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Oi, pessoal!
Pode passar um café e sentar aqui para ler com calma, porque hoje a Mural está no clima de boa prosa, cheia de assunto e recheada de histórias que só quem vive de verdade as periferias consegue contar.
Não acredita? Então, logo de cara, você vai conhecer quem carrega o bairro na pele — literalmente! São histórias de moradores periféricos que tatuaram o nome da sua quebrada para nunca se esquecerem de onde vieram. A gente foi atrás dessas histórias de orgulho e pertencimento, que só fortalecem o nosso jeito de ser.
E, para quem gosta de romance, a gente traz uma histórias de amor nada convencional na zona leste de SP: um grupo apaixonado por kombis, que transformam o amor por esse ícone automobilístico em solidariedade.
Tem também reportagem quente sobre o avanço das bets nas favelas, mostrando como influenciadores das quebradas são chamados para divulgar apostas e o impacto delas para quem vive no corre. E, falando em desafios, a gente também traz relatos de quem está na linha de frente das mudanças do clima, enfrentando deslizamentos, enchentes e prejuízos. E quem são? Sim, os moradores das periferias.
Então, bora embarcar nessas histórias com a gente? Pode chegar, que a Mural é sua também!
Quebradas na pele
Já pensou em colocar na pele o nome do seu bairro ou da sua cidade? É o que fizeram alguns moradores das periferias de São Paulo e da Grande São Paulo, eternizando e mostrando ao mundo o amor pela sua quebrada.
Um grande exemplo foi Danylo Paulo, nascido e criado nos distritos que compõem a Subprefeitura de São Mateus, na zona leste da capital. Articulador da cultura local, ele levava tatuado na cabeça o lema “São Mateus pra vida”, acompanhado do mapa dos três distritos da subprefeitura: Iguatemi, São Rafael e São Mateus. Conheça mais histórias!
Apostas e dependência
As bets têm uma nova estratégia para ampliar ainda mais seus lucros: divulgar as plataformas por meio de influenciadores das quebradas, para chegar à população das favelas de São Paulo.
“Depois dessa primeira divulgação, eu não quis mais. Pensei duas vezes e fiquei imaginando: um pai de família pode perder o dinheiro do café da manhã dos filhos ou do aluguel em apostas.”
Joy Santos, 37, influencer de Paraisópolis, na zona sul de SP, BetPix365
Nesta reportagem especial, a Agência Mural mostra como influenciadores têm sido procurados para motivar apostas nas periferias e como eventos levaram a cultura das casas de apostas para dentro das favelas.
Os mais vulneráveis
Duas casas. Foi essa a distância que impediu que Cristiane Lopes Domingos, 48, fosse atingida por um deslizamento de terra na manhã de 30 de janeiro de 2022, no bairro do Parque Paulista, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Ela escapou de ser uma das 18 vítimas do desbarrancamento, entre amigos, colegas e vizinhos queridos.
A 80 quilômetros dali, no Jardim Nova Poá, no distrito de Poá, na Grande São Paulo, o vidraceiro Henrique Souza, 38, contabiliza um prejuízo de pelo menos R$ 150 mil e muitos empréstimos. Tudo para evitar a falência da sua vidraçaria causado por uma inundação de 2017.
Especialistas afirmam que as mudanças no clima têm aumentado a frequência dos desastres climáticos e que os moradores das periferias, com menos capacidade de adaptação climática, são os mais afetados.
Apaixonados por kombis
Quem é da região dos distritos de São Mateus e Iguatemi, na zona leste de São Paulo, possivelmente já avistou um carro com o logo “Komb’s da Leste” na traseira. Geralmente, o veículo ostenta alguma pintura ou desenho chamativo, tem rodas diferentes, é rebaixado ou conta com alguns outros elementos que o fazem roubar a atenção por onde passa.
Mas, por trás desses veículos estilizados, há um coletivo que funciona como uma rede de apoio entre motoristas. Eles se ajudam em emergências nas ruas. “Ser kombeiro é um ideal de vida”, afirma um dos mais de 200 membros do grupo.
Ao garoto da camiseta azul
“Querido garoto da camiseta azul… Sou o rapaz de camiseta rosa, aquele que estava lendo a biografia da Rita Lee, sentado bem à sua frente no ônibus 978A-10, que pegamos no Terminal Cachoeirinha, sentido Barra Funda.
Quero te dizer que me diverti muito perto de você e dos seus amigos, mesmo interrompendo a leitura em alguns momentos. Fui levado pelas suas confissões e risadas ao fundo.
Não precisa ter vergonha da maneira que cruza as pernas, do tom da sua voz ou da sutileza dos seus gestos. Esse jeito que você parece se envergonhar é lindo, simplesmente porque é você.”
Leia crônica Ilton Porto, “uma carta para todo gay que um dia acreditou que ser ele mesmo era errado”.
Artistas trans das periferias para celebrar
A representatividade importa e pode transformar vidas. O mês de junho, dedicado ao Orgulho LGBTQIAPN+, foi um período de celebração, mas também de conscientização sobre os direitos de uma população que segue em luta por melhores condições de vida e visibilidade.
Entre os grupos que compõem essa sigla, destaca-se a população trans, que inclui mulheres travestis e transexuais, homens trans e pessoas não binárias. A Agência Mural preparou uma lista com artistas trans das periferias de São Paulo para celebrarmos. Eles, elas e elus são potências criativas que se expressam por meio da arte, moda, música e cultura.
Dengue na zona sul
Com sequelas de uma dengue hemorrágica, a assistente social Elisângela Maria da Cruz, 48, mora no Jardim São Luís e trabalha no Jardim Ângela, dois distritos da zona sul de São Paulo que estão na lista dos dez mais atingidos pela epidemia da doença, entre 1º de janeiro e 9 de junho deste ano.
Foram registrados 1.828 casos no Jardim São Luís e 3.960 no Jardim Ângela, o maior número da capital no período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde.
“Fiquei um mês debilitada. E saí dessa dengue que até hoje me deixou com sequelas. Sinto que minha respiração não é mais a mesma, minha imunidade está baixa, minha voz também mudou. Isso mexeu muito comigo.”
Elisângela Maria
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Acadêmicos e premiados, eles! Sim, a Agência Mural é finalista no prêmio da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal, na categoria texto, com o especial “Inimigo silencioso: Moradores das periferias convivem com dor e enfrentam demora para operar hérnia pelo SUS", um trabalho multimídia que reúne levantamento de dados, arte, foto e texto.
Além disso, fomos foco de estudo da tese “Jornalismo profissional feito sobre, para e a partir das periferias e favelas brasileiras: um estudo do Voz das Comunidades”, de Juliana Freire Bezerra, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Voa Mural!
Você sabe o que são as emendas parlamentares e como elas funcionam? Se têm dúvidas, pega a visão: o Insper publicou um guia super interessante explicando tudo sobre esse recurso legislativo - inclusive sobre o impacto dele no nosso dia a dia. O que são as emendas, como elas se relacionam com o orçamento público e o que o Supremo Tribunal Federal já decidiu sobre elas são alguns dos assuntos abordados. Vale conferir - e ficar de olho no Congresso!
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Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
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