Oi pessoal!
Como está o clima da campanha eleitoral na sua quebrada? Muito vai e vem de candidatos, carros de som e faixas espalhadas pelas ruas? Bom, esse é só um lado das eleições municipais, que envolve muitos temas e desafios - afinal, estamos falando de um dos momentos mais importantes da nossa democracia.
Por isso, aproveitamos ferramentas de cruzamentos de dados e todo potencial da nossa rede de correspondentes para fazer uma análise sobre o perfil dos eleitores das periferias: o que motiva os jovens a voltarem? O que eles sonham para suas quebradas? Como escolher um candidato alinhado com o que eu acredito? Todos esses assuntos foram discutidos na última quinzena e estão reunidos aqui, na sua Mural Inbox.
Mas nem só de política se vive - e que bom nesse caso, porque destinamos um espaço todo especial para falar das Paralimpíadas da ponte pra cá. O Brasil fez bonito demais nos Jogos de Paris e esteve sempre entre os primeiros colocados no quadro de medalhas. Uma potência infelizmente ainda pouco reconhecida. E não surpreende que muitos dos atletas que brilharam são das quebradas da Grande São Paulo, reforçando a importância dos nossos para o Brasil.
E nesse clima de reflexão, eu aproveito para te convidar para conhecer o seu Jorge, a Ana Clara, o João e o Antônio, moradores das periferias de São Paulo que, cada um à sua maneira, estão transformando realidades e voando alto para abrir caminhos.
Bora nessa?
Eleitor de quebrada
O que pensam os jovens de São Paulo que vão votar pela primeira vez em 2024? A Agência Mural conversou com adolescentes de 16 a 17 anos para entender o que os motivou a votar nas eleições de 2024 mesmo sem a obrigatoriedade. Dilemas sobre o futuro, entrada no mercado de trabalho e direito a transporte público estão entre algumas das demandas em meio ao tabu de falar de política nas escolas.
“A gente vai lá na Câmara [Municipal] ver quem tá decidindo por nós, jovens, e geralmente é o pessoal mais velho e que tem uma condição financeira maior do que a da nossa realidade”
John Lincoln Gonçalves Anacleto, 16, estudante de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo
Vale pontuar que estão nas periferias de São Paulo a maior parte dos jovens eleitores, enquanto bairros localizados em áreas centrais ou com mais acesso a serviços públicos possuem um perfil mais velho, segundo levantamento da Mural com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para se ter uma ideia, enquanto em Parelheiros, no extremo sul da cidade, 15% dos aptos a votar têm menos de 24 anos, apenas 5% dos eleitores do Jardim Paulista, bairro rico da região central, estão nessa faixa de idade.
Mas como escolher meu candidato?
Pega a visão: a Agência Mural preparou uma série de textos que reúnem e listam todos os candidatos da Grande São Paulo, por cidade. Vale conferir e buscar informações sobre para escolher aquele que mais te representa.
Uma dica é procurar pelas propostas de governo publicadas na plataforma DivulgaCand, do TSE. Nelas estão reunidas todas as propostas dos candidatos para a cidade, caso sejam eleitos.
A Agência Mural, claro, foi conferir o que quem disputa a prefeitura da capital paulista propõe para as quebradas. E quer saber? A expressão “periferia” e suas variações (periferias, periféricos e etc) aparece 80 vezes nos projetos de sete dos dez candidatos à prefeitura da capital - bem menos do que no pleito anterior, quando as periferias foram citadas 208 vezes.
Quebradas nas Paralimpíadas, sim!
Que o Brasil é uma potência no esporte paralímpico a gente já sabe - e se enche de orgulho. Nos Jogos de Paris 2024, a delegação brasileira brilhou com 280 atletas de 20 modalidades, sendo 255 esportistas com deficiência e 25 que não possuem deficiência, mas que auxiliam os competidores. Pelo menos 35 deles nasceram nas periferias da Grande São Paulo, sem contar outros que vieram para a região para treinar e se desenvolver no esporte.
Um deles é o corredor Henrique Caetano, 25, morador de Mauá, na Grande São Paulo. Ele já coleciona diversas medalhas em sua carreira e fez história em Paris quebrando recordes. Apesar do sucesso, ele não deixa de ter um olhar crítico sobre a realidade do esporte paralímpico no Brasil.
“Para quem tem renda melhor é mais fácil chegar, porque você não tem que se preocupar se vai comer. Mesmo trazendo mais medalhas, os Jogos Paralímpicos não tem tanta valorização”
Henrique Caetano, 25, atleta
Põe o casaco, tira o casaco
As temperaturas acima da média trouxeram novos desafios para empreendedores das periferias de São Paulo, que precisaram se adaptar às mudanças no clima e no comportamento dos consumidores. “Antigamente, as clientes compravam várias peças de uma vez, confiando nas estações. Agora, tudo mudou”, declara Giovana Manaro dos Santos, 44, que há 12 anos comanda uma loja de roupas no Jardim Prudência, em Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. O ano de 2024 deve concentrar alguns dos períodos mais quentes já registrados no inverno na capital paulista.
Livros e solidariedade
Jorge Martins, 71, conhecido como ‘Seu Jorge’, é vendedor de livros há 37 anos no distrito da Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo. Em julho deste ano, um acidente mudou a rotina: um incêndio destruiu todos os seus livros, que estavam guardados embaixo de uma lona, próximo ao local da venda. O que parecia o fim de um trabalho de décadas se mostrou uma lição de solidariedade e imediatamente a comunidade da região começou a se mobilizar para ajudar Jorge.
Brincar de aprender
“Aprender brincando é um direito de todas as crianças. Ensinar aprendendo é um privilégio meu”, diz Ana Clara da Silva, 29, produtora cultural que atualmente é coordenadora e mediadora da Biblioteca Comunitária Luiza Erundina, que fica no Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo, bairro onde também mora. Desde 2021, ela e outras educadoras arregaçam as mangas no projeto Bloco do Beco, importante movimento cultural da zona sul, que atende em média 50 crianças e jovens por mês. O objetivo é estimular a leitura por meio da escrita e contação de histórias.
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Premiados, eles! A Agência Mural foi a vencedora do Prêmio de Excelência Jornalística 2024, da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em inglês), que reconhece trabalhos jornalísticos das Américas e da Espanha. A reportagem reconhecida, “Panorama das favelas de São Paulo”, usa recursos interativos, infográficos, fotos e textos, para contextualizar o histórico e a realidade das favelas da capital paulista. Para fechar a lista, a Mural também é finalista em duas categorias (texto e redes sociais) do Prêmio de Comunicação José Luiz Egydio Setúbal, que destaca trabalhos jornalísticos que promovem e defendem o direito à saúde da criança e do adolescente. O resultado será anunciado em novembro.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e a Rede Voces del Sur lançaram a versão em português do Relatório Sombra 2023, "A imprensa latino-americana sob ataque: Violência, impunidade e exílio”, que analisa o cenário preocupante de ameaças à liberdade de imprensa na região. Segundo o levantamento, jornalistas e meios de comunicação se tornam alvos do crime organizado e de agentes estatais por investigar, denunciar e revelar ações criminosas e casos de corrupção.
Obrigada por chegar até aqui!
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Obrigada a todos e todas.
Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
Saiba mais em: www.agenciamural.org.br
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