Mural Inbox: Mulheres e as aulas no vermelho
A Newsletter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias
O Dia Internacional da Mulher costuma mobilizar o jornalismo com os dados que mostram as desigualdades de gênero e as violências que ainda são cometidas contra as mulheres no Brasil. Mas tal como as questões raciais, indígenas e periféricas, são temas que devem ir muito além do mês de março. Devem pautar nosso dia a dia.
A diversidade tanto de quem produz jornalismo quanto da busca por entrevistas ajuda a melhorar o todo e é o que tentamos fazer na Agência Mural.
Ao longo desta dura pandemia de Covid-19, contamos diversas histórias sobre como mães, filhas, avós, todas elas, se desdobram para fazer de suas quebradas um lugar melhor (reunimos essas reportagens numa página).
E é por meio da reportagem de quem vive nas periferias que contamos histórias sobre como moradoras dos bairros têm se unido contra a violência ou as gestantes que têm de ir a outra cidade para ter atendimento. Também o quanto faltam mulheres atuando por nós nas Câmaras Municipais da Grande São Paulo, apesar do aumento da representação na capital, tema que acompanhamos ao longo de todo 2020.
Este início da Mural Inbox é também para desejar um feliz dia das Mulheres para todas que lutam por periferias mais justas num período em que as notícias nas nossas quebradas seguem pesadas.
AULAS E FASE VERMELHA
A volta às aulas presenciais em São Paulo tem causado medo em professoras e professores da rede pública. Desde o anúncio, educadoras e educadores têm apontado as dificuldades de cumprimento dos protocolos e o risco da doença, enquanto ainda estamos numa fase sem vacina para quem trabalha em escolas.
No especial Aulas no Vermelho, há relatos da pressão sentida pelos trabalhadores e trabalhadoras por parte das gestões para seguirem com as aulas presenciais, além da paralisação da categoria.
As salas de aula estão abertas mesmo com a fase vermelha da quarentena, que busca reduzir as contaminações do coronavírus. Nas periferias, o clima é de medo do contágio e de descrença de que o isolamento vai acontecer, em meio à queda da renda e o impasse sobre o auxílio emergencial - o valor seria um caminho para amenizar os danos e ajudar famílias a se protegerem em segurança, sem passar fome.
SUBPREFEITURAS SEM DIVERSIDADE
Você sabe quantos dos 32 subprefeitos e subprefeitas se autodeclaram de cor preta? Apenas três. Reportagem exclusiva do 32xSP, site produzido pela Agência Mural em parceria com a Rede Nossa São Paulo, mostra a falta de diversidade nos cargos de comando da gestão pública da capital.
Também no 32xSP, reportagem mostra que, apesar do aumento na pandemia e da lotação no transporte público, a frota de ônibus segue reduzida na capital.
NEGÓCIO DO JORNALISMO
Nas últimas semanas, a publicação de um anúncio em vários jornais defendendo o uso de medicamentos sem comprovação cientifica para tratar a Covid-19 causou polêmica. No blog Mural, nossa diretora Izabela Moi refletiu sobre o negócio do jornalismo e a necessidade de discutir os dois lados.
“O jornalismo quase perdeu muito mais do que seu modelo de negócios nestes últimos anos. Perdeu muitas oportunidades de mostrar que continua procurando, acima de tudo, servir o interesse público”.
EM SALVADOR
A poluição tem sido um problema na Ilha da Maré. Moradores da região do Porto de Aratu relatam o desaparecimento de mariscos e mangues e responsabilizam fábricas por contaminação das águas. No local trabalham pescadores e marisqueiros, e também há comunidades quilombolas em uma área considerada de preservação ambiental. A reportagem faz parte da cobertura da Agência Mural em Salvador.
Neste mês, os correspondentes da cidade também mostraram como artistas e coletivos culturais têm sofrido com prazos da Lei Aldir Blanc diante do lockdown na cidade.
“O jornalismo local é uma forma de chegar mais próximo do leitor, de fazer com que ele se sinta mais representado” - Cíntia Gomes, cofundadora da Agência Mural, em debate sobre o futuro do jornalismo, evento que fez parte da celebração dos 100 anos do jornal Folha de S. Paulo.
“O que me levou a fazer mesmo foi ver injustiças. Via nitidamente situações de preconceito em vários sentidos. Daí falei ‘quero fazer jornalismo, quero falar sobre onde eu moro e minhas vivências” - Halitane Rocha, correspondente de Cotia, falando sobre o Morro do Macaco em entrevista para a Revista Circuito.
Com o trabalho das correspondentes Gisele Alexandre e Ira Romão, a Agência Mural participou nos últimos meses da terceira fase do projeto Comprova. As 28 organizações de mídia participantes fizeram 293 investigações sobre desinformação.
Mais duas dicas para acompanhar a história de mulheres das periferias.
O Desenrola e Não me Enrola começou uma série com histórias de mulheres indígenas, negras e das periferias. A primeira reportagem mostra a trajetória política de Débora Pereira, integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto ).
No Conversa de Portão, podcast produzido pelo Nós Mulheres da Periferia, a médica ginecologista Lígia Santos, de Cidade Tiradentes (zona leste de SP), falou sobre como questões de sexualidade e contracepção afetam meninas que vivem nas periferias. O Nós completou sete anos esta semana e também fez um episódio sobre como é ser mulher e viver de jornalismo.
Obrigado por chegar até aqui!
A Agência Mural tem como missão minimizar lacunas de informação e contribuir para a quebra de preconceitos sobre as periferias. Se quiser nos apoiar, só clicar no botão acima para saber como. Obrigado(a)
Edição: Paulo Talarico
Contato: paulo@agenciamural.org.br
Saiba mais em: www.agenciamural.org.br
Se recebeu este email de alguém e quer assinar nossa newsletter, só entrar aqui.