Na semana passada, publicamos uma reportagem sobre o que pensam jovens que têm ido a festas neste momento da pandemia de Covid-19. Perguntamos em suma por que ir a aglomerações com o aumento de casos de contaminados pelo coronavírus.
Sabemos e temos falado sobre a importância do distanciamento social, do uso de máscaras e de como são as periferias as mais afetadas entre os mais de 30 mil mortos da Grande São Paulo. Mas queríamos fugir do lugar comum que condena quem vai às festas, sobretudo, os pobres com poucas opções de lazer.
Nos depoimentos, há desde apontamentos como a situação do transporte público, que segue cheio desde o ano passado (nele há ao menos a obrigação do uso de máscaras), aqueles que usam desses eventos para conseguir uma renda extra, também os que ainda não acreditam tanto assim na pandemia - mesmo um ano depois - e são afetados pela desinformação — as mentiras espalhadas na rede.
Esses aspectos indicam as dificuldades que ainda teremos pela frente para reforçar a necessidade de se proteger, com hospitais cada vez mais lotados e a vacinação ainda engatinhando.
CHUVAS E RENDA
Em Perus, no noroeste de São Paulo, as chuvas dos últimos dias afetaram todo o bairro e repetiram cenas vistas em 2018, com pessoas desabrigadas e quedas de árvores por toda a região. A situação se tornou um problema a mais no momento em que a pandemia se agrava e faltam recursos para moradores do bairro.
Por outras periferias da capital, o cancelamento do Carnaval afetou moradores que vendiam produtos durante a festa, e alguns deles estão vivendo de doações. Nos comércios, o fim do auxílio emergencial tem impactado os bairros. Donas de pequenos salões de beleza e de restaurantes locais apontam a redução na renda desde janeiro, assim como ex-beneficiários têm tido dificuldades para manter as contas em dia e alimentar a família.
CÂMARA SEM CONFIANÇA
Responsável por fiscalizar o prefeito e discutir as leis da cidade, para os paulistanos, a Câmara Municipal é a instituição menos confiável da cidade, indica pesquisa “Viver em São Paulo: Qualidade de Vida”. Reportagem do 32xSP, site produzido pela Agência Mural em parceria com a Rede Nossa São Paulo, fala sobre essa desconfiança e como ela afeta os distritos da capital.
O portal traz também um raio-x sobre o distrito de Iguatemi, na zona leste da capital. Por lá, bairros têm ares de interior, mas problemas de cidade grande.
E AS AULAS?
As aulas voltaram parcialmente nas escolas públicas de São Paulo. Mas muitas perguntas ficaram sem respostas para pais, alunos e professores da rede pública. No blog Mural, Cíntia Gomes relata as dúvidas ainda pendentes, como os problemas para garantir a limpeza dos colégios e evitar o contágio.
EM SALVADOR
A estudante Sthephanie Silva, 17, criou o projeto de moda Editorial Nordeste. A ideia era contrariar os padrões de beleza do ramo e dar oportunidades para jovens modelos das periferias. “Costumava ouvir de profissionais que meu rosto era bonito, meu porte físico era bom, mas que precisava emagrecer. Esses comentários faziam até com que eu parasse de comer”, relembra a moradora do Nordeste de Amaralina. A reportagem faz parte da cobertura da Agência Mural em Salvador.
Na sexta-feira (26), Lucas Veloso, repórter da Agência Mural, mediará a mesa “Experiência, tramas e territorialidade: política e juventude nas periferias urbanas”, com a gestora cultural Julia Santos e o professor Tiaraju Pablo D’Andrea, coordenador do CEP (Centro de Estudos Periféricos).
A newsletter Cajueira seleciona conteúdos de organizações jornalísticas independentes dos nove estados do Nordeste. Na última edição, abordou como está sendo a volta às aulas em meio à pandemia.
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Edição: Paulo Talarico
Contato: paulo@agenciamural.org.br
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