Olá,
O longo mês de outubro terminou para a chegada de um inverno fora de época em São Paulo, mas com um importante resultado nas eleições do último domingo (30). Ufa!
Por conta disso, estamos antecipando a Mural Inbox para falar sobre o decisivo papel que o voto nas periferias teve para a definição do novo presidente.
Não foi só o Nordeste
Como se tornou comum nos últimos anos, o povo nordestino passou a sofrer ataques e ofensas assim que terminou a apuração. Essa postura de quem não aceita o resultado nunca é justificável, além de não mostrar a realidade do que foi o desfecho das eleições.
No Nordeste, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve perto de 70% dos votos, o que foi essencial para a vitória. No entanto, apesar da importância dessa margem aberta por lá, a derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) só existiu pela mudança de voto vista no Sudeste, e a capital e a Grande São Paulo tiveram um grande peso nisso.
Já no primeiro turno, mostramos a mudança de comportamento do eleitorado nas periferias e que mais eleitores votaram no candidato do PT este ano do que na eleição passada. No segundo turno não foi diferente.
Em geral, Lula teve mais de 2 milhões de votos a mais este ano na região metropolitana do que Fernando Haddad (PT) na disputa de 2018. Do outro lado, Bolsonaro perdeu 686 mil votos – e teve menos apoio até em lugares onde conseguiu vencer Lula.
Quando se leva em conta só a capital, houve periferias que deram até 40 mil votos a mais para o futuro presidente, enquanto Bolsonaro perdeu até 20 mil apoiadores numa única zona eleitoral -- inclusive na região central.
Um resultado que faz sentido dada uma campanha marcada por discursos de Bolsonaro, que em vez de contrapor Lula, servia para espalhar preconceitos contra favelas, periferias e o povo nordestino. A conta chegaria.
Lula foi eleito com vantagem na maioria das zonas eleitorais de São Paulo e também nas cidades da Grande São Paulo. Mesmo assim, ações antidemocráticas se espalharam após a vitória pelo Brasil e pela região metropolitana. Sinal de tempos difíceis que ainda teremos pela frente, em meio ao desafio de reduzir a situação econômica que levou pessoas a passarem fome.
Para o governo do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) venceu na disputa contra Fernando Haddad (PT). O governador eleito teve menos votos em periferias da capital, assim como Bolsonaro, mas obteve resultado mais equilibrado na Grande São Paulo. Terá o desafio de resolver grandes entraves para as periferias, como as promessas não cumpridas da chegada do Metrô a regiões como Cotia, Paraisópolis e Brasilândia.
O resultado encerra uma eleição difícil e de famílias divididas. A quem venceu, virão as cobranças para botar em prática o que foi prometido.
Segue a certeza de que as periferias manterão o olhar atento para buscar novas conquistas, ter os direitos preservados e não ser tratadas como redutos de pessoas carentes ou de bandidos. Aqui na Agência Mural você vai ver essas histórias!
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Esta semana começou o Coda.BR2022, Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados, realizado pela Escola de Dados. Eu, Paulo Talarico, farei a mediação da mesa “Geração Cidadã de Dados” com a participação de Paulo Mota (data_labe) e Kelly Bone (Mídia Índia) no próximo sábado (5).
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Edição: Paulo Talarico
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