Pioneiras, ativistas, lideranças, mobilizadoras. Chame como quiser, mas chame o nome delas! Afinal, muitos dos direitos básicos conquistados nas periferias, como acesso à saúde e educação, são resultado da luta e mobilização das mulheres em busca de melhores condições de vida para suas famílias e sua comunidade.
Por isso, nesta edição da Mural Inbox a gente relembra mulheres da região metropolitana de São Paulo que arregaçaram as mangas pelos nossos, em histórias emocionantes de luta e conquista de sonhos - e nem vou dizer que caiu um cisco no meu olho enquanto eu lia…
E já que o assunto são as conquistas dos nossos, aviso aos desavisados que muitos dos atletas que representam o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris são das quebradas da Grande São Paulo. A gente, claro, separou a lista para torcer.
Mas, além da festa (que vai ser linda), não dá pra tirar o olho de um dos assuntos mais importantes do ano para as periferias: as eleições municipais. Já está rolando algum tipo de propaganda política por aí? Pode ou não pode? A Mural te conta, em uma edição cheia de novidades. Pega esse spoiler:
Bora nessa então?
As quebradas vão às Olimpíadas
De acordo com o Guia de Mídia do Time Brasil, 49 dos 276 atletas que formam a delegação brasileira nas Olimpíadas 2024, em Paris, nasceram em cidades da região metropolitana de São Paulo. Vários deles são de origem periférica e com grandes chances de medalhas. Além da estrela Rebeca Andrade, ginasta de Guarulhos, o nadador Gabriel Santos, da zona leste de São Paulo, e o boxeador Abner Teixeira são esperanças do país.
‘É um privilégio alguém que vem da periferia e fazer natação, é muito fora da caixa’
Gabriel Santos, 28, nadador brasileiro
Eleições nas periferias
Em meio às convenções partidárias, muitos nomes têm sido ventilados sobre quem vai concorrer para as prefeituras e câmaras municipais na Grande São Paulo. Mas já é hora de fazer campanha? Não. Ainda assim, quem passa pelo Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, se depara com um cartaz que agradece ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, pelas obras realizadas no bairro, uma estratégia para driblar as proibições de campanha antecipada. Cartazes como esse se espalham por diversas quebradas da capital e também da Grande São Paulo.
Não é o gestor que merece os louros ou tem que receber os agradecimentos [das obras]. Não pode personificar no candidato que está indo para reeleição
Maira Recchia, presidente do Observatório Eleitoral da OAB-SP
Já se vê que os 16,5 milhões de eleitores da Grande São Paulo precisam ficar de olhos abertos no período eleitoral. Os 39 municípios da região ganharam 672 mil novos votantes nos últimos quatro anos, porém 11 cidades tiveram redução comparando com 2020. Com a mudança, 14 cidades passaram a ter mais de 200 mil eleitores e possibilidade de segundo turno. A última a entrar no grupo foi Embu das Artes, que poderá ter duas etapas no processo eleitoral pela primeira vez.
Mulheres de luta, mulheres das quebradas
Qual o preço para conseguir posto de saúde, água encanada e luz elétrica? Maria de Holanda, do Jardim Nossa Senhora do Carmo, zona leste de São Paulo, saberia calcular muito além dos números. Ela chegou no bairro em 1970 e arregaçou as mangas para exigir que o poder público implantasse serviços públicos de qualidade no bairro. Agora, vizinhos reivindicam que seu nome batize a biblioteca do CEU Parque do Carmo, outra reivindicação da ativista.
“A gente lutava muito pela saúde e a gente acompanhava tudo para aprovar as nossas reivindicações”
Antônia Rocha, 73, companhia de luta de Maria de Holanda
A história também é contada a 4o quilômetros dali, no Grajaú, zona leste de São Paulo. Mas dessa vez o nome na linha de frente é o de Aparecida Maria Antônia Inocêncio, 77, carinhosamente chamada de “mãe”, afinal ela mobilizou toda a comunidade para melhorar a qualidade do ensino oferecido às crianças.
Outro nome é o da sindicalista Maria da Paixão, de Diadema, no ABC Paulista, que enfrentou a ditadura militar na luta por melhores condições de trabalho para ela e para os colegas metalúrgicos. “Presenciei vários companheiros meus sendo mutilados, não tinha nenhum equipamento de proteção e na época, por conta da minha idade, por ser mãe, eu me indignei com isso”.
E elas seguem na vanguarda
A presença de mulheres no jornalismo esportivo, sobretudo na narração, é recente. Quando se pensa na participação da mulher negra nesses espaços, é ainda mais excepcional. Por isso, a jornalista Letícia Ferreira de Pinho, 25, está fazendo história: a moradora de Carapicuíba, na Grande São Paulo, trabalha desde o ano passado com narração esportiva de modalidades como vôlei, basquete e futebol
Sujeito periférico
Todo mundo que mora nas periferias, independente da sua individualidade, tem consigo a subjetividade periférica, dada pelo jogo de relações sociais típico das quebradas, como ter estudado na escola pública precarizada, gastar muito tempo no deslocamento até o trabalho e ter relações muito particulares com a vizinhança e com o poder público. É o que defende o escritor e músico Tiaraju Pablo D’ Andrea, que é professor da Unifesp e coordenador do Centro de Estudos Periféricos, que concedeu entrevista exclusiva à Agência Mural.
Um parque para todos
Visitantes da Praça do Campo Limpo, um dos distritos mais populosos da zona sul de São Paulo, sofriam com falta de manutenção do parque, que tinha brinquedos enferrujados e quebrados, sem espaço adequado para crianças e famílias. A mobilização dos moradores, a articulação com a prefeitura e com empresas, além de projetos sociais, garantiu a revitalização do espaço e a construção de brinquedos adaptados para crianças com deficiência.
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Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
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