Oscar nas quebradas, nomes das favelas e muito rebolado pra 2025
As notícias da Agência Mural no seu e-mail
Oi pessoal!
Janeirão passando a toda, mas sempre é tempo de celebrar o novo ano - ainda mais com boas notícias. Fomos conversar com atores periféricos que fizeram parte do elenco de “Ainda Estou Aqui", sucesso do cinema nacional indicado ao Oscar em três categorias. São os nossos brilhando nas telonas do mundo e levando o Brasil para a maior premiação do cinema internacional. A vida presta demais, né?!
Além disso, a gente te conta o que tem por trás dos nomes das favelas de São Paulo, qual o perfil dos novos prefeitos da região metropolitana e o que é o Twerk, estilo de dança que vem conquistando as quebradas com muito molejo e autoestima para as mulheres periféricas.
Do ponto do busão às escolas, das passarelas de moda aos salões de beleza de bairro, das dicas para curtir o verão até os espaços de arte das periferias. Não importa onde, é a Mural mais um ano fazendo jornalismo local sobre, para e pelas periferias. Já estamos no corre. Que venham 2025 possibilidades pra nós!
Bora nessa?
De gel ou no molde?
Reconhecida há 13 anos, a profissão de manicure garante renda, cuidado dos filhos, vence preconceitos e dá a cara das quebradas. “Meu único trabalho é esse, não tenho outra fonte de renda. E é ele que me abre portas para cuidar do meu filho, estar com ele, curtir ele e organizar meus horários. Tenho essa flexibilidade”, conta Mia Silva, 31, manire há 13 anos no Jardim Cumbica, em Guarulhos.
Da quebrada para o Oscar
Ao lado de Fernanda Montenegro, o ator Fagundes Emanuel conquistou espaço em “Ainda estou aqui”, sucesso de bilheteria. No drama, dirigido por Walter Salles, ele que é cria de Perus, na região noroeste de São Paulo, vive um dos netos da advogada Eunice Paiva, protagonista encenada por Fernanda Torres, filha de Fernanda Montenegro, que também dá vida a Eunice mais velha na trama.
Quem também brilha nas telonas é Águida Aguiar, presente em um dos momentos mais marcantes do filme: é ela que entrega em mãos o atestado de óbito do ex-deputado Rubens Paiva, morto pela Ditadura, à Eunice, após anos de luta por justiça.
“Falta muito retratar a memória da periferia nos filmes. Foi uma crueldade sem limites o modo como a ditadura atravessou e atravessa até hoje as pessoas da periferia”.
Fagundes Emanuel
Inclusive, vale conferir uma série de reportagens que a Mural produziu sobre o que foi a ditadura nas quebradas.
Existe chuva em SP
Após um temporal histórico atingir São Paulo na última semana, alagando ruas e estações de metrô na zona norte, a Mural reuniu dicas de como se manter seguro e receber alertas de chuvas fortes. São informações de segurança que, cada vez mais, precisarão se tornar hábitos dos moradores das periferias de São Paulo.
O preço do busão
O operador logístico Alan Valerio, 40, trabalha em Embu das Artes, na Grande São Paulo, e pega diariamente o ônibus 02 (Jardim Tomé – Jardim Batista). Desde o fim do ano passado, fazer o trajeto ficou R$ 1,30 mais caro. A tarifa para as linhas municipais saiu de R$ 4 para R$ 5,30, já que Embu foi uma das mais de 20 cidades da região metropolitana que aumentou o preço da passagem de ônibus. Em ao menos seis cidades, andar de ônibus chegou a R$ 6 (em algumas delas superando o preço do dólar). “A quebrada sabe o quanto o aumento do busão pesa", reclama jovem passageira.
Jardins, parques e chácaras
Que histórias contam os nomes das favelas de São Paulo? Os últimos dados do IBGE mostram que a cidade de São Paulo possui 1,7 milhão de pessoas que vivem em mais de 1.300 favelas. Entre tantas comunidades, ocupações e moradias que começaram improvisadas, há mais de 300 jardins, 92 vilas e 74 parques. O que há por trás desses nomes? A Mural foi conhecer a visão de moradores de vários desses territórios e saber o que significam essas nomenclaturas.
O Adeus à ‘Musa da Cooperifa’
“Virou poesia em nossos corações”, dizia a nota de pesar publicada pelo Sarau da Cooperifa na manhã de quarta-feira (22), anunciando a morte de uma das suas mais célebres integrantes, Rose Dorea, aos 51 anos. Rose escrevia poesias e recitava versos de seus autores preferidos com amor e emoção – sobretudo as do poeta e fundador da Cooperifa, Sérgio Vaz. Uma das que mais gostava era “Novos Dias”, porque traduzia os desafios constantes dos moradores das periferias: “Não confunda briga com luta / Briga tem hora pra acabar/ E luta é para uma vida inteira”.
Autoestima e muito rebolado
De Ermelino Matarazzo, da zona leste de São Paulo, a multiartista Beatriz Aparecida dos Santos Graboschi, 27, é fundadora do Twerk na Quebrada. O projeto promove aulas de dança do estilo, nas quais mulheres aprendem a rebolar e movimentar os quadris. A dança sensual se tornou famosa nas boates de striptease nos Estados Unidos e foi popularizada pela cantora Miley Cyrus, em 2013. No mesmo ano, a palavra foi adicionada ao Dicionário Oxford como um verbo: “dançar música popular com o corpo curvado e os quadris movendo-se para frente e para trás”.
“Twerk é um resgate. É conhecer o seu corpo, se conectar, entender as suas possibilidades e limitações e se desafiar. A dança superou a estética vulgar que a sociedade tentava colocar nela e se tornou uma possibilidade de se encontrar”
Beatriz Aparecida dos Santos Graboschi, fundadora do Twerk de Quebrada
Sem ler
Aos 11 anos, Gabriel Silva*, morador de Paraisópolis, sonha em aprender a ler. Aluno da rede municipal de São Paulo, Gabriel é uma das muitas crianças cuja alfabetização foi prejudicada pela pandemia de Covid-19. Ele não é um caso isolado, o que indica os desafios de quem estuda nas periferias da capital paulista. De acordo com a Rede Municipal de Ensino, a Provinha São Paulo, aplicada aos estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental desde 2018, aponta que entre 80% a 90% dos alunos estão alfabetizados. Em 2023, o percentual foi de 86,9% – ou seja, ao menos 1 a cada 10 estudantes não chegaram a esse nível de aprendizado.
Leia também:
Advogada periférica, Amarílis atua em casos de violação de direitos e liberdades individuais
Jovens da zona sul de SP criam coleções e mostram força da moda nas periferias
Conheça o ateliê de Dinas Miguel, no Jaraguá, zona norte de São Paulo
Travas da Sul cria sede para acolher população LGBTQIA+ no Grajaú
O ano mal começou e a Agência Mural já está dedicando tempo para falar sobre o trabalho que desenvolve. Na última quarta-feira (22), o diretor de jornalismo, Vagner de Alencar, conversou com os estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). A convite do professor Rafael Rodrigues, os alunos conheceram mais sobre o trabalho que a Mural faz fortalecendo o jornalismo local e as narrativas periféricas de São Paulo. Na última terça-feira (29), o diretor de treinamento e dados da Mural, Paulo Talarico, participou da 4ª edição do Diálogos Casa Comum, um bate-papo online que marca o lançamento da nova edição da Revista Casa Comum.
O Google News Initiative produziu um vídeo sobre a atuação da Mural nas periferias da Grande São Paulo, contando sobre nossa atuação junto às comunidades e sobre como garantimos a sustentabilidade do projeto há 14 anos. Anderson Meneses, Cíntia Gomes e Jacqueline Maria participaram da produção audiovisual que ficou emocionante. Assista aqui.
Obrigada por chegar até aqui!
A Agência Mural tem como missão fazer jornalismo local sobre, para e pelas periferias, combatendo estereótipos e garantindo o acesso à informação.Participe da Tijolo por Tijolo e ajude a construir nosso jornalismo.
Obrigada a todos e todas.
Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
Saiba mais em: www.agenciamural.org.br
Se recebeu este email de alguém e quer assinar nossa newsletter, só entrar aqui.