Oi pessoal!
Tenho certeza que você já fez essa pergunta na escola para algum professor ou professora, pelo menos uma vez. Vai ver foi essa sua primeira estratégia para aprender a priorizar demandas e dosar o tempo de dedicação a uma atividade. Mas mal a gente sabia que pros professores tudo vale nota - e pros alunos também!
Foi isso que a gente descobriu visitando sete escolas das periferias da Grande São Paulo para conhecer projetos inovadores que estão transformando o processo de ensino e a relação dos estudantes com os estudos. Foi massa! Espia só:
Toda essa experiência está reunida em uma série de podcasts original da Mural, o Vale Nota Ensino Médio, produzido com apoio do Instituto Unibanco. São sete episódios que vão ao ar toda semana, sempre às terças-feiras, a partir do dia 18, no seu tocador de áudio preferido.
Te espero para mergulharmos juntos no dia a dia das escolas das quebradas, dando aquela ajudinha para derrubar estereótipos sobre a educação pública e o trabalho de professores, diretores e alunos das periferias. Até lá, confere aqui nosso teaser!
E como nem só de áudio se vive, nesta newsletter trazemos uma investigação sobre venda de íris entre jovens das periferias, mostramos como o Oscar também é uma vitória das quebradas e te levamos para conhecer um bairro onde as mulheres são as protagonistas - e hão de ser cada vez mais!
Bora nessa?
Vendi minha íris, e agora?
Os termos "venda de íris” e “biometria ocular?” eram pouco comuns até o começo de 2025, quando se tornaram assunto em rodas de amigos, famílias e, especialmente, nas redes sociais. Centenas de postagens e vídeos passaram a convidar internautas para escanear suas íris em troca de cerca de R$ 600 em criptomoedas. Em poucos meses, pelo menos 400 mil paulistanos toparam disponibilizar esses dados, considerados os mais pessoais e seguros quando o assunto é identificação.
Mas o que de fato é feito com eles? O processo legal é seguro? O pagamento é garantido? A Agência Mural foi a pontos de venda e acompanhou jovens periféricos que decidiram vender suas íris para entender o porquê da decisão e o que acontece depois da venda.
Periferias no Oscar
“Espero que a gente pegue esse orgulho de estar no Oscar e também consiga celebrar o nosso cinema nacional”, afirma Aguida Aguiar, atriz que atuou no filme ‘Ainda Estou Aqui’, dirigido por Walter Salles, vencedor do Oscar na categoria Melhor Filme Internacional e indicado para Melhor Filme e Melhor Atriz, com Fernanda Torres.
Natural de Itaquera, zona leste de São Paulo, Aguida vive a personagem Carla, uma funcionária do cartório onde Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, recebe o atestado de óbito do marido, Rubens Paiva, morto pela Ditadura Militar. Na cena, Carla também pede um autógrafo ao escritor Marcelo Rubens Paiva.
Bairro das mulheres
Com cerca de um quilômetro, a avenida Zelia cruza o Parque dos Camargos, bairro de Barueri, na Grande São Paulo. Ao andar por ela, você verá a Olga, a Márcia, a Gisele, a Odete, a Aline, a Cristiane e a Marisa. Todas ruas que se conectam com a Zélia e com mais de 30 ruas com nomes de mulheres.
O bairro na periferia barueriense é um caso raro na Grande São Paulo e talvez em todo o Brasil. Com um país marcado por nomenclaturas masculinas em espaços públicos, a região é formada exclusivamente por nomes femininos, graças a uma homenagem feita no começo do loteamento que gerou o bairro ainda nos primeiros anos da cidade.
Sarau da terceira idade
Na sala iluminada por sorrisos da Biblioteca Raimundo de Menezes, em São Miguel Paulista, um círculo se forma. Há olhos atentos, vozes firmes e mãos que gesticulam no ritmo dos versos. O sarau acontece ali, durante 60 minutos, entre memórias e afetos, onde a idade não pesa e as palavras encontram novos significados.
O encontro, parte do Projeto Continuar, destaca a produção literária de idosos, promovendo a inclusão e a valorização da terceira idade.
“Saindo do Maranhão, com pouca experiência, vim para São Paulo, sem medir consequência
Hoje sou uma senhora idosa, com muito orgulho e muita prosa [...]”
Maria da Conceição, do Sarau do Projeto Continuar
Dupla Queer
“Hoje, fiquei pensando: o menino que apanhou de sunguinha vermelha por andar igual ‘viado’ vai fazer um desfile no Carnauol. Parecia impossível”, reflete Nego Lias, 28, cantor, compositor e musicista da dupla Yori, do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo.
Ele se apresentou no festival musical ao lado do parceiro Fah Lyma, 34, cantor e compositor e cria do Itaim Paulista, na zona leste. Para conquistar esse espaço e abrir a agenda de shows do festival, o dueto, cria das periferias paulistanas, venceu o reality show Toca Revela, projeto do “Uol”, no fim do ano passado. Confira a trajetória.
Zé Tonho
A trajetória de Valdemir Oliveira Chagas, pedreiro que veio da Bahia para São Paulo em busca de melhores condições de trabalho, foi homenageada no filme “Zé Tonho”, dirigido e roteirizado por seu neto Lucas Chagas, 28, diretor e roteirista de Diadema, na Grande São Paulo.
Por meio do curta-metragem, o cineasta retratou a história de pessoas que passam a vida se dedicando ao trabalho, mas que não conseguem colher os frutos dele.
“Nós, povo das periferias, construímos diariamente essa cidade. Eu queria que as pessoas fizessem essa reflexão, muitas vezes elas têm a auto estima destruída e não se acham o personagem principal da sua vida, mas são”.
Lucas Chagas, 28
Pelas mulheres
Cerca de 300 pessoas se reuniram no último sábado (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres, em marcha do Jardim Ângela ao Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, pelo direito ao bem-viver e contra o assassinato de mulheres lésbicas nas quebradas da capital.
A 2ª marcha “Por Todas Nós: pela vida das mulheres, contra o feminicídio e a lesbitransfobia”, promovida pelo Fórum em Defesa da Mulher, também homenageou a memória de Marli Bonfim, advogada que lutou por direitos fundamentais no território.
“Na Paulista sempre tem a marcha, mas as nossas mulheres, as donas de casa e as senhoras, não vão. Para popularizar o debate e chamar quem é mais atravessada pela violência, era necessário fazer aqui”
Luana de Oliveira, geógrafa e educadora popular
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A diretora da Mural, Cíntia Gomes, participou do Encontro de Jornalismo: Conhecimento, Artes e Vivências, na Universidade do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Vitória da Conquista. Ela compartilhou sua trajetória e experiências com o jornalismo fora dos centros das capitais, em particular no Jardim Ângela, onde atua há mais de 10 anos.
Desde 2010, a Agência Mural de Jornalismo das Periferias segue firme em sua missão de produzir jornalismo local sobre, para e pelas periferias da capital e das cidades da região metropolitana de São Paulo.
O balanço de 2024 mostra um ano de crescimento e reconhecimento pelo compromisso em ampliar o acesso à informação de qualidade, combater estereótipos e fortalecer as vozes dos moradores e moradoras das periferias. Toda essa história está reunida no nosso Relatório de Impacto 2024. Confira aqui!
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Obrigada a todos e todas.
Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
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