Quando completamos 15 anos de jornalismo sobre, para e pelas quebradas
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Oi pessoal!
Dizem que o tempo voa, mas nas quebradas passa diferente: ele é construído no corre diário, no olho no olho, na resistência e na vontade de transformar. E é assim que em 2025 vamos chegar aos 15 anos da Agência Mural. QUINZE ANOS com a certeza de que contar nossas histórias é um compromisso com o jornalismo, com os moradores das quebradas e com o amanhã que queremos construir.
Se 2024 foi o ano de discutir eleições e participação política, 2025 tem novos desafios. A crise climática, que já afeta as quebradas de forma desigual, será um dos nossos focos, especialmente com a COP 30 se aproximando. Afinal, enquanto se debatem metas ambientais a portas fechadas, nós seguimos escancarando o impacto real das mudanças climáticas na vida dos nossos.
E tem mais novidade aí: vamos utilizar as inteligências artificiais a nosso favor, para jogar o nosso jogo, com o Mural Local. Esse novo projeto vai permitir transformar dados públicos em notícias úteis para o dia a dia das quebradas. Porque informação de qualidade é ferramenta de mudança – para decidir, cobrar, votar e criar um futuro melhor. Aguarde essa novidade!
São 15 anos de caminhada. De muito trabalho coletivo, histórias que não seriam contadas e pautas que fizeram diferença. Seguimos firmes, enquanto ainda precisarmos existir.
Bora nessa?
Uma favela ao lado da USP
O Jardim São Remo, favela vizinha à maior universidade da América Latina, abriga muitos dos trabalhadores que ajudaram a construir e ainda ajudam a manter a Universidade de São Paulo, localizada na zona oeste da capital paulista. Mas os moradores da São Remo também cruzam os portões da USP para estudar?
“Meu sonho para a próxima geração é que a gente esteja do outro lado do muro, se formando na USP”, sonha o rapper Mano Lee, membro do grupo Ideologia Fatal.
Luthier de quebrada
Em uma estreita oficina no fundo de casa, o luthier e ativista cultural Agildo Fernandes Lima, 62, reforma mais um pandeiro de couro. A mão calejada e a agilidade ao manusear as ferramentas entregam a experiência de anos dedicados à luteria.
Morador do bairro Vila Cintra, periferia de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Agildo é mestre na manutenção de instrumentos rítmicos populares brasileiro. “Caixa do divino, atabaque, alfaia de maracatu, pandeiro de couro, pandeirão. Esses são alguns dos instrumentos que o pessoal traz para mim”, conta o artesão.
Carnaval na periferia
Como nos últimos anos, os blocos do carnaval de São Paulo ficarão concentrados na região central e oeste da capital, com boa parte localizados nas subprefeituras de Pinheiros, Lapa e Sé. Mas a Mural, claro, reúne as principais atrações nas quebradas de São Paulo. Vale à pena conferir e se programar, porque a folia já começa na próxima sexta-feira (28).
De São Miguel para os EUA
Desde cedo, Deborah Vitória, 18, vê na educação uma ferramenta de transformação. Moradora do Parque Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, extremo leste de São Paulo, ela terá a oportunidade de falar sobre isso em outros espaços e vai representar a região em uma conferência nos Estados Unidos.
Deborah foi uma das sete brasileiras selecionadas na Naimun (North American Invitational Model United Nations), promovida pela Georgetown University, em Washington. A conferência reúne jovens de diversos países para debater questões globais e simular o trabalho de diplomatas.
O Capão no maior festival de curtas do mundo
Os filmes do diretor Lincoln Péricles (conhecido como LK), do Capão Redondo, foram exibidos no maior festival de curtas do mundo. A 3ª edição do Regards Satellites, realizado na França, celebrou o melhor do cinema independente realizando uma retrospectiva de 15 filmes do diretor, incluindo seu mais novo trabalho, intitulado “O Cinema Acabou”.
Mais asfalto
Após analisar os processos de licitação da implantação das novas faixas para a ampliação da Marginal Pinheiros, o arquiteto e urbanista Dimitre Gallego, 45, decidiu lutar por um sonho antigo: um parque linear próximo a Santo Amaro/Jurubatuba, onde nasceu e cresceu, e, no mesmo local onde parte da obra está planejada.
“Eu falei: ou faço alguma coisa, ou ninguém vai fazer nada”, afirma. Para isso, o arquiteto tem utilizado a comoção pública e digital, com uma petição que alcança mais de 25 mil assinaturas.
Sem celular
“Quando eu entrei na sala de aula, tinha bastante gente mexendo no celular, aí já veio a coordenadora avisar que era para guardar. Depois, todo mundo desceu para um auditório e junto com as boas vindas explicaram a nova regra: não pode mais celular, nem no recreio”.
A estudante Nicoly Arteli, Faustino, 15, lembra como foi o primeiro dia de aula na Etec (Escola Técnica Estadual) de Caieiras, no Jaraguá, na zona oeste de São Paulo. A novidade deu o que falar entre professores e estudantes. E não só lá. Desde o começo de fevereiro, todas as escolas estaduais e municipais de São Paulo seguem esta nova regra: a proibição total do uso de celulares, seguindo a lei estadual 18.058/24.
“Tem avisos de proibição e os professores alertam, mas por ser uma uma novidade e boa parte dos alunos estar insatisfeita com essa lei, o uso permanece, mas não igual”,
Isabella Soares de Jesus, 17, moradora do Grajaú, e estudante do terceiro ano do ensino médio
Grafite, patrimônio cultural
O governo federal aprovou a lei 14.996, que torna o Grafite um patrimônio cultural do Brasil. Esse expoente da cultura hip hop transforma muros, paredes e prédios em verdadeiros museus a céu aberto, com muita arte, intervenção e crítica social.
Mas o grafite, como toda cultura hip-hop, já foi alvo de muitos preconceitos, críticas e perseguições. Por isso, a Mural foi conversar com os artistas para saber como é ser grafiteiro nas quebradas de São Paulo e se a nova lei pode incentivar a arte de rua.
Agência para influencers periféricos
A perda precoce da prima Giovana Moura, aos 21 anos, em maio de 2018, impulsionou Douglas dos Reis de Moura, 36, a desenvolver uma agência especializada em relações públicas para pessoas pretas e periféricas.
“A agência nasceu desse desejo de fazer pelas pessoas negras o que eu não pude fazer por Giovana”, comenta Douglas, que criou a Elo Negro -agência de afrocomunicação na zona sul de São Paulo. “Eu falava pra ela que ia cuidar da carreira dela, mas não tive tempo de fazer isso. Então, precisava que a empresa fosse um elo entre as relações públicas e as pessoas negras.”
Quebrada no orçamento
Com a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e com uma maioria conservadora na Câmara Municipal de São Paulo, vereadores mais progressistas devem enfrentar desafios para alavancar suas pautas, em especial as voltadas para a população periférica. É o que projeta a vereadora Keit Lima (PSOL), 33, poucos dias após sua primeira sessão plenária na Casa. Ela é uma das três mulheres negras periféricas eleitas na capital paulista em 2024.
Nascida na favela João de Barro, em Recife (PE), a jovem mudou-se aos 8 anos para a Favela do Macedo, na Brasilândia, zona norte de São Paulo. A militância começou aos 13, em um projeto social, onde Keit ajudou na alfabetização de alunos da primeira à quarta série. Alí conheceu e se envolveu com o movimento negro, feminista e com organizações que defendem o direito a educação.
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Você viu a Agência Mural? Totalmente premiada! Com muito orgulho, estamos em sexto lugar no ranking dos veículos de comunicação mais premiados da região sudeste, segundo levantamento do portal Jornalistas & Cia. Além disso, sete dos nossos repórteres e correspondentes estão no ranking dos Jornalistas Mais Premiados do Ano, também da organização, todos em décimo quarto lugar. O resultado é fruto de um trabalho coletivo, feito a várias mãos, para, nas e pelas periferias.
Não podia ser outra, né?! Estão abertas as inscrições para a nova turma de correspondentes locais da Agência Mural. O novo programa vai abrir 30 vagas, sendo 80% destinadas para pessoas negras (pretas e pardas). As inscrições vão até o dia 28 de fevereiro.
Podem se candidatar estudantes ou formados nas diversas áreas da comunicação, como jornalismo, publicidade e propaganda, design, rádio e TV, social media e fotografia. Profissionais ou estudantes de outras áreas, mas que atuam com comunicação nas periferias e vivem nessas regiões, também podem participar.
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A Agência Mural tem como missão fazer jornalismo local sobre, para e pelas periferias, combatendo estereótipos e garantindo o acesso à informação.Participe da Tijolo por Tijolo e ajude a construir nosso jornalismo.
Obrigada a todos e todas.
Edição: Sarah Fernandes
Contato: sarahfernandes@agenciamural.org.br
Saiba mais em: www.agenciamural.org.br
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